Ministério do Esporte Esporte ajuda mulher a virar cacique e revolucionar aldeia em Barra do Bugre (MT)
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Organizado pelo Comitê Intertribal Indígena, os Jogos dos Povos Indígenas têm o seguinte mote: “O importante não é competir, e sim, celebrar”. A primeira edição dos jogos ocorreu em 1996 e tem como objetivo a integração das diferentes tribos, assim como o resgate e a celebração dessas culturas tradicionais.


Informações: (61) 3217-1614 E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

Esporte ajuda mulher a virar cacique e revolucionar aldeia em Barra do Bugre (MT)

O esporte fez toda a diferença na vida revolucionária desta mulher. Separada, mãe de cinco filhos e avó de oito netos, Creuza Humutina, 47 anos, é a primeira índígena mulher a exercer o cargo máximo de comando numa aldeia no Brasil. Detalhe: por duas vezes. Foi graças à habilidade como atiradora de arco e flecha - atividade tradicionalmente ligada ao sexo masculino - que ela conquistou o respeito dos habitantes da aldeia Humutina, no município de Barra do Bugre, no Mato Grosso.

Aos 5 anos de idade, a pequena índia, filha de mãe Bororo e pai Humutina, já acertava pássaros em pleno vôo. E não parou mais. Quando tinha 8 anos, conseguiu sua maior façanha: fisgar com um tiro de flecha certeiro um peixe Curimatã que pesava cinco quilos. "Minha proeza assustou a todos", lembra Creuza Humitina.

Ela revela que tanto o talento para o esporte quanto o para a política foram impulsionados pelos conselhos que recebia desde cedo do antigo cacique Valdomiro Kalumizore, seu maior ídolo. "Ele me ensinou que o esporte é uma ferramenta de transformação de vida para quem deseja trilhar o caminho do bem".

E foi o que aconteceu. Ainda jovem, a líder comunitária se casou, teve filhos, separou-se e, aos  25 anos, foi eleita cacique, por meio de uma votação que elege a  pessoa mais respeitada da tribo. Creuza Humitina conta que, para desempenhar a função, é necessário ter determinação e muita coragem.

 "O cacique precisa ter sangue na veia para enfrentar o invasor e defender, principalmente, a juventude do álcool e das drogas. "Quando algum de nossos jovens está se embriagando, reunimos o conselho indígena, o chefe do posto, além da cacique, e conversamos com o jovem envolvido, cobrando imediatamente que ele pare de beber. E a pressão tem dado resultado positivo", conta.

Creuza é experiente nesse assunto. Ela lembra que o ex-marido foi um homem muito bom até o dia em que passou a beber. "Ele me espancava. Com isso, foi acontecendo o pior: fui perdendo o respeito de todos. Até que um dia dei uma surra nele e me separei."

Energia e escola
Em sua longa trajetória de luta, ela conseguiu trazer muitos benefícios para a aldeia, como a energia elétrica e uma escola do ensino médio. Antes, na época da enchente, ocorriam vários acidentes entre os alunos que atravessavam o rio Paraguai de canoa para estudar na escola de Barra do Bugre. "Era um inferno. As crianças eram arrastadas pela correnteza, perdiam o material escolar. Houve até acidentes em ônibus com casos de mortes. Hoje está todo muito feliz porque temos uma escola com computadores, internet e professores indígenas. Também temos enfermeiros formados que estudaram fora e hoje trabalham em nosso posto de saúde", revela a lider.

Após os cinco anos de mandato, Creuza parou suas atividades para tentar dar um salto maior em sua vida. Concorreu a uma vaga de vereadora em 2008. A mulher que desde setembro do ano passado ocupa novamente o cargo de cacique Humutina por pouco não se elegeu. Mesmo com 1.700 votos válidos, faltaram 25 para conquistar a vaga de parlamentar. "Não vou desistir. Quero muito criar leis para mudar a realidade dos nossos indígenas e, dessa forma,  revolucionar nossa região, colocando, por exemplo,  a aldeia Humutina na rota de visitação dos turistas da Copa do Mundo de 2014", sonha.

Flecheiros campeões
Nos Jogos dos Povos Indígenas, que acontecem até o próximo dia 12 em Porto Nacional (TO), o povo Humutina tem a representação de 35 atletas comandados pela cacique Creuza. Os atletas disputam arco e flecha, cabo de força, arremesso de lança, futebol, natação e corrida.

A etnia é campeã do último circuito, nos Jogos de 2009, em Paragominas (PA). O primeiro lugar foi conquistado pelo atirador Oacyr Humutina e o vice-campeonato ficou com a flecheira Maria Rosangela.

Confira a página especial dos Jogos Indígenas no site do Ministério do Esporte

Carla Belizária, de Porto Nacional (TO)
Foto: Divulgação
Ascom - Ministério do Esporte
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