Ministério do Esporte Arquiteto espanhol destaca importância de conectar as obras da Copa aos cidadãos
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Arquiteto espanhol destaca importância de conectar as obras da Copa aos cidadãos

José Maria Ezquiaga trabalha com projetos de desenvolvimento urbano desde que começou suas atividades profissionais. Arquiteto e professor da Universidade Politécnica de Madri, ganhou o prêmio nacional de urbanismo da Espanha em 2005. Ex-diretor geral de planejamento urbano da região de Madri e autor de outros 20 planos regionais de desenvolvimento em localidades espanholas, Ezquiaga participou do seminário "Copa 2014: Oportunidades para a sustentabilidade urbana" na quarta-feira (12.09), em Brasília, e conversou com o Portal da Copa.

Ele falou das oportunidades e desafios que envolvem a organização de um megaevento esportivo, citou lições de experiências anteriores - como Barcelona (1992) e África do Sul (2010) - e enfatizou a necessidade de planejar o macrourbanismo (grandes obras de infraestrutura, por exemplo) em conjunto com o microurbanismo (as conexões dessas infraestruturas com outras menores, para que os benefícios cheguem "até o último cidadão"). Confira os principais trechos da entrevista.

Oportunidades e desafios com os megaeventos
Os jogos trazem muitos visitantes, uma demanda enorme de viagens, de circulação. Isso leva necessariamente a uma reorganização das infraestruturas.  E aí vêm os desafios. Essas obras têm que ser muito bem pensadas para que não sejam improdutivas. Elas devem servir ao evento e ter uma boa gestão pós-evento. Por isso, é imprescindível planejar bem para que os investimentos tenham rentabilidade depois da Copa e das Olimpíadas. Outro risco que se corre é o predomínio de uma visão "de cima", que pense muito na infraestrutura e não atente para as necessidades da comunidade e os temas ambientais.

Arenas polivalentes
As cidades não podem perder de vista desde já a futura utilização dos estádios. Aqui mesmo em Brasília vai ter um estádio magnífico e, se não me equivoco, não há times de futebol importantes. É importante que as possibilidades de uso já estejam em estudo. Podem ser macroeventos esportivos, eventos sociais, musicais. Tem que se pensar desde agora que mudanças devem ser feitas em alguns dos estádios para adaptá-los a usos mais polivalentes.

Lições de experiências anteriores
Vou citar o caso da África do Sul. O país ficou em evidência em sua nova condição de democracia, ficamos admirados com a organização, mas a sociedade sul-africana não aproveitou muitas das infraestruturas esportivas. Agora estão fazendo um esforço de reciclagem dessas instalações, porque elas não tiveram rentabilidade suficiente. A grande lição de Barcelona foi a decisão de fazer, graças às Olimpíadas, o que já deveriam fazer se tivessem ou não as Olimpíadas. Antes de ter sido escolhida como sede, a cidade já estava determinada a fazer as transformações urbanas, independentemente de ganhar o direito de receber os jogos. O maior êxito para um país é aproveitar o megaevento para impulsionar projetos necessários.

Macro e microurbanismo
Deve-se combinar macrourbanismo e microurbanismo. O país e as cidades-sede não podem se conformar com as soluções para as grandes infraestruturas. Mais do que construí-las, é preciso que elas se conectem com a última família, que elas cheguem até o último cidadão. Se vão ser criados grandes corredores de mobilidade urbana, eles têm que ser ligados a pequenos corredores que levem essa mobilidade até o bairro. Ao planejar as obras, também é preciso pensar na mobilidade dos pedestres. Para a Copa ou Olimpíada, realmente a grande conexão é a mais importante. Grandes massas circulam do aeroporto para os hotéis, da zona hoteleira para as sedes dos jogos. Mas existe o desafio de se fazer as microconexões. Uma analogia pode ser feita com o corpo humano: ele não tem só artérias. Precisa de todo o sistema de irrigação sanguínea, dos vasinhos que chegam às varias partes do corpo. Só assim é possível deixar um legado de rentabilidade social. Ainda que um evento tenha déficit, se deixar um legado social não podemos considerar esse déficit como gasto improdutivo, mas sim um investimento.

Planejamento e desenvolvimento
As ideias de planejamento e de desenvolvimento social se apoiam sobre o mesmo princípio: não viver só o dia a dia, mas pensar nas consequências de nossas ações a médio e longo prazo. Não existe desenvolvimento sustentável sem planejamento. E não é só fazer planos: é necessário criar uma cultura de ver sempre as coisas com uma visão global e, ao mesmo, tempo local.

Parcerias e cooperação
Quase todos os projetos de infraestrutura são complexos e precisam de um trabalho conjunto dos níveis local, estadual e federal. Isso indica que é necessária uma cooperação no âmbito público-público. O mesmo vale para o nível metropolitano. Em muitos casos, há muitas obras que beneficiam mais de um município. Já cooperações no âmbito público-privado podem reduzir os investimentos públicos necessários e melhorar a gestão.

Perspectivas para o Brasil
Em nível internacional, o país estará em evidência e não tenho dúvidas de que a organização será um sucesso. Em nível local, isso vai depender da capacidade das cidades de colocar em prática políticas de microurbanismo e deixar um legado social.

Carol Delmazo - Portal da Copa
Foto: Ivo Lima
Ascom - Ministério do Esporte
Confira o Portal da Copa, site do governo federal sobre a Copa 2014
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