Ministério do Esporte Ginástica artística: mais estrutura, mais pódios
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Ginástica artística: mais estrutura, mais pódios

Na primeira competição adulta da carreira, Flávia Saraiva subiu ao pódio duas vezes na etapa de São Paulo da Copa do Mundo e mostrou que não está na ginástica artística para ser apenas mais uma. Campeã no solo e prata na trave – com 15,100, a mesma nota que levou a norte-americana Simone Biles ao título, nesse aparelho, no Mundial de 2014 –, a ginasta, de apenas 15 anos, tem um carisma que encanta técnicos, árbitros e público. E mais do que isso: ela sabe o que quer e se dedica bastante a cada treino.

“Desde o primeiro dia, vi que ela é diferente de todas. Ela tem muito foco, leva a sério”, disse o técnico Alexandre Carvalho, que treina a atleta há quatro anos. Flávia já havia se destacado nos Jogos Olímpicos da Juventude, no ano passado, em Nanquim, na China, com três medalhas: ouro no solo e pratas no individual geral e na trave.

Fotos: Ricardo BufolinFotos: Ricardo Bufolin

O talento e a obstinação se juntam a outros fatores que permitem a expoentes como Flavinha se destacarem logo cedo. Começando pela ajuda direta: atualmente 40 atletas da ginástica artística são contemplados com a Bolsa-Atleta do Ministério do Esporte, incluindo seis dos dez brasileiros que competiram neste fim de semana na capital paulista, quando o país conquistou nove medalhas.

Flávia Saraiva, por exemplo, é beneficiada na categoria Internacional desde 2013. Outros quatro atletas da ginástica artística são contemplados com a Bolsa Pódio, entre eles Diego Hypolito, bicampeão mundial no solo (2005 e 2007), e Arthur Zanetti, campeão olímpico (2012) e mundial (2013) nas argolas. Os dois também subiram ao pódio na etapa de São Paulo da Copa do Mundo.

Investimento histórico
Se as medalhas de nomes consagrados como Diego e Arthur já eram esperadas em São Paulo, os pódios da nova geração comprovam a ascensão da ginástica no país, resultado de uma série de investimentos que se intensificaram nos últimos anos.

Um convênio firmado entre a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) e o Ministério do Esporte, no valor de R$ 7,3 milhões, possibilitou a maior importação de equipamentos para a modalidade feita pelo Brasil nos últimos 40 anos. Foram 300 aparelhos de ginástica artística, 618 de rítmica e 92 de trampolim, além de 166 materiais auxiliares, de fabricação nacional. (Foto: Ricardo Bufolin)(Foto: Ricardo Bufolin)

Os aparelhos usados na etapa de São Paulo da Copa do Mundo – tanto para competição quanto para aquecimento e treinamento – são resultado deste convênio. Treze locais de treinamento, em diferentes regiões do Brasil, também foram beneficiados. Um exemplo é o Centro de Excelência de Ginástica do Paraná (CEGin), onde treina outro talento da nova geração feminina: Lorrane Oliveira, 17 anos, prata na trave na etapa da Eslovênia da Copa do Mundo e finalista do solo na etapa de São Paulo. Os equipamentos foram entregues em agosto do ano passado ao CeGin.

“Os aparelhos novos que chegaram, não só para Curitiba, mas para vários lugares do Brasil, ajudaram muito. Nosso treinamento melhorou muito. No primeiro dia, na primeira semana, já mudou bastante. A gente ganha mais segurança nos aparelhos”, explicou Lorrane, que também é contemplada com a Bolsa-Atleta, na categoria Internacional.

Outro local favorecido pelo convênio foi o centro de ginástica artística de São Bernardo do Campo (SP), “casa” de Diego Hypolito e Caio Souza, também da Seleção Brasileira. Atualmente, Diego se divide entre os treinamentos na cidade paulista e no CT do Rio de Janeiro, gerido pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), onde as seleções feminina e masculina se preparam para a disputa dos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá, em julho, e para o Mundial de Glasgow, na Escócia, em outubro. Para o bicampeão mundial, os investimentos poderiam ter começado mais cedo, mas ele reconhece a melhoria da estrutura de treinamento, não só na capital fluminense.

“O centro do Rio é muito bom, mas o de São Bernardo também é. Eu vou fazer minha parte do treinamento nos dois lugares. Não posso, por causa do centro de treinamento no Rio de Janeiro, passar uma borracha, como se as pessoas que influenciaram no meu trabalho antes disso não tivessem feito nada. Eu tenho de agradecer a São Bernardo por ter um centro de treinamento lá”, afirmou Diego.

Outro patamar
A estrutura, apontada por tanto tempo como o calcanhar de aquiles da modalidade, avançou bastante também na opinião dos treinadores.

“Com certeza o nosso problema era de estrutura, e hoje em dia nós temos uma estrutura muito melhor. Agora estamos buscando formar mais treinadores e conseguir o melhor nível para o Brasil”, ressaltou Keli Kitaura, técnica da seleção feminina.

Foto: Ricardo BufolinFoto: Ricardo Bufolin

Outros dois convênios do Ministério do Esporte, desta vez com a Prefeitura de São Caetano do Sul – cidade natal do campeão olímpico Arthur Zanetti –, destinam-se à construção e equipagem de um novo ginásio para a ginástica no município. O local será utilizado para incrementar a iniciação de atletas na modalidade e para abrigar as equipes de base. O investimento total nas obras será de R$ 7,8 milhões (R$ 7,2 milhões federais e R$ 631,8 mil de contrapartida municipal), além de outros R$ 2 milhões do Ministério do Esporte para a compra de aparelhos.

Os centros farão parte da Rede Nacional de Treinamento, um dos principais projetos de legado e que visa interligar instalações esportivas existentes ou em construção em todo o país, fortalecendo o esporte da base até o alto rendimento.

“Esses investimentos que estão sendo feitos atingem a base também. De 2013 para cá, com a nova geração que aparece nas modalidades, começou a ficar mais evidente o trabalho que vem sendo feito de renovação, de espalhar centros de treinamento pelo país, de comprar equipamentos modernos, de mandar técnicos para fora, de trazer treinadores de ponta para treinar nossos jovens atletas”, destacou o secretário executivo do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser. “No centro onde treina a seleção principal, também treina a base. Isso permite a convivência dos atletas que estão se desenvolvendo com aqueles que já estão no auge”, continuou.

O Brasil já tem um campeão olímpico. E a expectativa por novas medalhas é grande para os Jogos Rio 2016. Trata-se de um patamar conquistado pela ginástica brasileira que era impensável há pouco mais de dez anos, quando Diego Hypólito ganhou sua primeira medalha em Copas do Mundo, também no Brasil, em 2004. “Nunca imaginei que poderíamos conseguir tão bons resultados como a gente vem conseguindo”, disse o bicampeão mundial.

Carol Delmazo, brasil2016.gov.br
Ascom - Ministério do Esporte
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