Pressão em casa e finais às 22h são desafios da natação em 2016

Publicado em Sexta, 24 Abril 2015 09:48

 

Na contagem regressiva para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, os esportes aquáticos destinarão 15% do tempo para competir, 20% para clínicas e avaliações, e o restante para treinamentos. Temos muitas ações programadas, que podem ser modificadas em parte por causa da alta do dólar. “É mais complicado irmos para outros continentes, que dominam o esporte, mas vamos prosseguir com o objetivo de chegarmos a medalhas para o Brasil”, diz Ricardo Moura, coordenador técnico da natação da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), ao lembrar que 15% dos ouros dos Jogos Olímpicos saem dos aquáticos.

Foto: Divulgação/CBDAFoto: Divulgação/CBDA

Assim, o grande desafio para 2015, segundo Ricardo Moura - além do Mundial de Kazan, na Rússia, de 17 de julho a 2 de agosto, que vale vagas olímpicas –, será, mesmo, trabalhar para que a programação traçada não sofra alteração nem tenha prejuízos em função de fatores econômicos. O dirigente ainda lembra um “fator complicador” dos Jogos do Rio 2016: a pressão de competir em casa.

Com relação à natação, o coordenador técnico observa que “são 205 países buscando medalhas – um dos maiores níveis de competitividade em Olimpíadas”. E, além da pressão de competir em casa, lista mais um “fator complicador” - o horário das finais – às 22h. “É outra questão muito importante, na qual também já estamos trabalhando.”

Vez do revezamento
De medalhas individuais na natação, a CBDA confia em Cesar Cielo, recordista mundial dos 50m e dos 100m livre (20s91 e 46s91), ouro olímpico nos 50m livre de Pequim 2008, bronze nos 100m livre de Pequim 2008 e dos 50m livre de Londres 2012, além dos ouros em Mundiais – três nos 50m livre (em Roma 2009, Xangai 2011 e Barcelona 2013), um nos 100m livre (em Roma 2009) e dois nos 50m borboleta (em Xangai 2011 e Barcelona 2013).

Mas Ricardo de Moura vê no revezamento 4x100m livre do Brasil uma “proposta concreta” na disputa de medalha, “porque conseguimos colocar os nadadores em nível internacional”. Para isso, o trabalho com jovens nadadores vem de anos, com investimentos como o dos Correios, por exemplo, desde 1991. Em 2013, os resultados já apareciam com a nova geração – Marcelo Chierighini foi sexto nos 100m livre e décimo nos 50m livre do Mundial de Barcelona 2013, quando ainda tinha 21 anos, mesma idade de Etiene Medeiros, que foi quarta colocada nos 50m costas.

O coordenador destaca que em 2013 essa jovem geração “foi acelerada”. O calendário de preparação e competições, que tinha meses de diferença em relação ao adulto, foi colocado no mesmo “passo”. Assim, a CBDA “linkou”, como diz Ricardo, a capitalização de investimentos (que também vieram do governo federal, com resultados) em Cesar Cielo e Thiago Pereira, por exemplo, com os nadadores da nova geração, padronizando ideias e ações.

Assim, com relação ao 4x100m livre estar “qualificado para disputar medalha” nos Jogos do Rio 2016, segundo o coordenador a justificativa vai além de Cesar Cielo. Hoje, o Brasil tem os velocistas Matheus Santana, recordista mundial júnior dos 100m, Bruno Fratus (ouro nos 50m livre do Pan Pacífico da Golden Coast 2014, na Austrália), Marcelo Chierighini, João de Lucca, Nicolas Oliveira. No Pan-Pacífico 2014, o Brasil foi bronze nessa prova com Matheus Santana, João de Lucca, Marcelo Chierighini e Nicolas Oliveira – atrás apenas de Estados Unidos e Austrália.

Todos esses principais nomes da natação brasileira estão hoje entre os top do mundo e, por isso, recebem Bolsa Pódio, a categoria mais alta do Programa Bolsa Atleta do governo federal, para aqueles com chances de medalha olímpica em 2016.

Modelo para adversários das maratonas
No caso das maratonas aquáticas, o Brasil já tem uma “escola”, a ponto de outros países que são forças na modalidade passarem a estudar métodos desenvolvidos por aqui, entre eles os que levaram Ana Marcela Cunha e Alan do Carmo a serem escolhidos “os melhores do mundo” de 2014.

As maratonas aquáticas são um exemplo do quanto as equipes multidisciplinares – montadas com recursos de convênios com o Ministério do Esporte – vêm sendo importantes na preparação dos atletas.

E o foco da preparação deste ano é mesmo o Mundial de Kazan, na Rússia, com provas em 27 e 28 de julho (homens e mulheres, respectivamente), valendo vagas olímpicas. Poliana Okimoto e Ana Marcela Cunha já estão convocadas. No masculino, em que a disputa é mais acirrada, ainda haverá seletiva em 2 de maio para indicação de dois nomes, entre Allan do Carmo, Diogo Villarinho e Samuel de Bona [os três do Bolsa Pódio, como Poliana e Ana Marcela] e Luís Rogério Arapiraca. 


Polo tem “melhor técnico do mundo”
Ricardo Moura lembra que a seleção masculina de polo aquático vem trabalhando com “o melhor técnico do mundo”. Ratko Rudic (que, como jogador, foi prata olímpica em Moscou 1980 e, como técnico, somou quatro ouros olímpicos e três mundiais).  O grupo tem – por enquanto - o “repatriado” Felipe Perrone, vice-campeão mundial em Roma 2009 pela Espanha, e três naturalizados: Adriá Delgado, espanhol e Felipe Salemi, italiano, ambos de família brasileira, e o cubano Ives González.

O primeiro grande resultado da equipe foi o segundo lugar na fase preliminar da Liga Mundial, em Newport Beach, Estados Unidos, neste início de abril. Assim, o Brasil se classificou para a etapa final, com oito países, em julho, na Itália.

Além da natação e das maratonas aquáticas, que têm boas chances de brigar por pódio em 2016, há outros esportes “na água” com grande potencial: a vela, que tradicionalmente traz medalhas (são 17 na história, sendo seis de ouro, três de prata e oito de bronze, perdendo apenas para o judô, que tem 19), tem mesmo uma dupla com apenas 24 anos de idade, na 49er., eleita como melhores velejadoras do mundo, de todas as classes, em 2014 - Martine Grael e Kahena Kunze.

A canoagem, de velocidade e slalom, também estará no Rio com atletas jovens e experientes, como Isaquias Queiroz, da modalidade velocidade, e Ana Sátila, da slalom (agora em maio será divulgada a lista dos melhores de 2014 e a brasileira pode ganhar na categoria júnior).

A preparação de todos passa por Mundiais neste ano pré-olímpico, que conta ainda com várias competições internacionais e planos, como o da canoagem, de já deslocar seus principais atletas para morar ao lado da pista que está sendo construída em Deodoro, para treinamentos intensos no local de competição de 2016.

Pista olímpica
Enquanto seus atletas treinam no Brasil e participam de competições no exterior nas modalidades de velocidade e slalom – que também terão seus Mundiais neste ano –, João Tomasini, presidente da Confederação Brasileira de Canoagem (CBC), aguarda o fim das obras da pista que está sendo construída em Deodoro, no Rio de Janeiro, para a disputa olímpica.

Esse é um ponto-chave para o dirigente, que quer mudar seus atletas da slalom para alojamento próximo do local – o fator “local”, no caso da canoagem de corredeiras, diz, é fundamental. A expectativa é que seus atletas possam estar na pista já entre setembro e outubro – antes do evento-teste, no fim de novembro.

Ano é de “gás total” para a vela
Ricardo Lobato, o “Blu”, secretário executivo da Confederação Brasileira de Vela (CBVela), alerta que 2015 é “um ano importantíssimo”, porque se havia países “se escondendo”, evitando participar de competições, agora é a hora de todos aparecerem, em todas as classes, “com gás total”.

“Austrália, por exemplo, como outros países – e até o Brasil – não participaram de algumas semanas europeias. Mas neste ano todo mundo irá para essas competições”, afirma, porque o ano é de avaliações e confrontos. “Está todo mundo correndo tudo”, ressalta o dirigente, que aponta o evento-teste (de 13 a 22 de agosto, na Baía da Guanabara, onde serão as regatas olímpicas) como um ponto de destaque em 2015. “Será uma simulação, com o mesmo número de barcos por país que nos Jogos Olímpicos, e com todos os grandes adversários, de todas as classes.”

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Denise Mirás
Ascom - Ministério do Esporte
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