Ministério do Esporte Aposentado, Emanuel recebe homenagens no último dia do Grand Slam
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Aposentado, Emanuel recebe homenagens no último dia do Grand Slam

 
No adeus oficial às areias, Emanuel recebeu homenagens do Ministério do Esporte, de patrocinadores e da confederação.Foto: Francisco Medeiros/MENo adeus oficial às areias, Emanuel recebeu homenagens do Ministério do Esporte, de patrocinadores e da confederação.Foto: Francisco Medeiros/ME
 
Poucos atletas têm sua história tão atrelada à história de uma modalidade como Emanuel e o vôlei de praia. O paranaense de 42 anos se despediu oficialmente das areias durante o Grand Slam do Rio de Janeiro, na arena montada na Praia de Copacabana, mesmo local dos Jogos Olímpicos deste ano, os primeiros sem a participação dele desde que o esporte entrou no programa, em Atlanta 1996. Na sexta-feira, ele e o parceiro Ricardo foram eliminados do torneio na repescagem, contra a dupla chilena Marco e Esteban Grimalt, mas isso não o impediu de subir ao pódio neste domingo (13.03). Não para receber uma entre as mais de 150 medalhas que colecionou na carreira, mas para ser homenageado.
 
O ministro do Esporte, George Hilton, entregou uma placa ao multicampeão, que ainda ganhou homenagens de patrocinadores e da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Os parceiros de Emanuel nas medalhas olímpicas, Ricardo (ouro em Atenas 2004 e bronze em Pequim 2008) e Alison Cerutti (prata em Londres 2012), além do primeiro companheiro na carreira, Aloísio, presentearam o amigo com um quadro contando a trajetória dele no vôlei de praia. 
 
Emanuel retomou a parceria com Ricardo para tentar a vaga nos Jogos Rio 2016, mas a dupla não conseguiu ficar entre as duas melhores do Brasil no Circuito Mundial do ano passado e as vagas foram para Alison/ Bruno Schmidt e Pedro Solberg/ Evandro. Sem um grande objetivo próximo, o “Rei” das areias decidiu encerrar a carreira. 
 
“A minha grande motivação é ter um objetivo grande e quando terminou o objetivo de ir para as Olimpíadas, o outro grande objetivo seria só o Mundial de 2017. Eu teria que me preparar mais um ano e estaria com 44 anos. Essa foi a grande decisão, saber que eu não teria a paciência para me motivar mais um ano para um grande evento”, confessou Emanuel, que estava acompanhado dos pais, dos dois filhos e da esposa Leila, ex-jogadora de vôlei (quadra e praia).
 
Medalha de ouro olímpica ao lado de Ricardo em Atenas, 2004: o ponto mais alto da carreira de Emanuel. Foto: Getty ImagesMedalha de ouro olímpica ao lado de Ricardo em Atenas, 2004: o ponto mais alto da carreira de Emanuel. Foto: Getty Images
 
Respaldo
O apoio em casa, segundo o campeão olímpico, foi fundamental para que ele tivesse mais estabilidade emocional neste momento. “A participação da Leila foi plena, porque ela teve a experiência em 2008 quando parou de jogar. A gente trocou muita ideia sobre isso. A mulher tem esse lado mais emocional, os homens pensam de forma mais racional, pragmática, então ela me falou sobre essas emoções que iriam acontecer agora. Ela me preparou, foi o meu pilar de sustentação, por isso posso dizer que estou seguro emocionalmente”.
 
A decisão de parar de jogar profissionalmente de Leila foi de repente, enquanto Emanuel vem pensando na aposentadoria há anos, como contou a ex-jogadora e secretária de Esporte do Distrito Federal. Para ela, o marido se preparou para este momento e para assumir outras funções fora das quadras. “Ele é uma pessoa amada e respeitada. Construiu uma história muito bacana e agora vamos seguir em frente”, projetou Leila, que nas conversas em casa antecipou algumas situações para o campeão olímpico. 
 
“Falei uma coisa para ele, que vi acontecer aqui. Tenho certeza de que ele se lembrou dessa conversa. Quando você é atleta, não entende e nem tem tempo para pensar o quanto você impacta na vida dos outros. As pessoas não acham que isso vai acontecer, mas no dia que acontece, elas querem se manifestar, mostrar o quanto você é importante. E foi o que disse para ele: ‘quando você parar, vai entender quem é você, o quanto você contribuiu’. É o que está acontecendo aqui. Tenho muito orgulho dele”, relatou.
 
O carinho dos fãs e da família, o respeito dos amigos e autoridades do esporte foi demonstrado o tempo todo na arena montada em Copacabana. Parceiro de Emanuel por dez anos, Ricardo recebeu com surpresa a notícia dada pelo amigo. “Ninguém esperava que ele fosse tomar essa decisão, mas foi uma decisão pessoal e a gente tem que apoiar e respeitar. Ele sempre se programou bem durante a carreira e acho que ele já estava se preparando para esse momento”, disse.
 
O amigo considera as vitórias na Copa do Mundo de 2003, no Pan-Americano de 2007, ambas no Rio, e a medalha de ouro em 2004, como as mais brilhantes da dupla. Ainda sem ter conversado muito com Emanuel sobre o assunto, Ricardo afirmou que quer vivenciar este momento ao lado do ex-companheiro de areia antes de buscar uma nova parceria. “Não quis misturar as coisas. Tentei vivenciar o momento e curtir da melhor forma possível, porque é especial para o nosso esporte e principalmente para mim”.
 
Quem também vai sentir falta do convívio diário com o esportista nos últimos sete anos é a treinadora Letícia Pessoa. “Fica uma saudade imensa”, confessa, antes de revelar novos planos para um trabalho conjunto. “Agora treino dois garotos mais novos e ele vai fazer umas consultorias para mim”. Na opinião da técnica, o contato com os jovens e o exemplo de carreira serão os legados que Emanuel deixará para a modalidade. “O que vai ficar de legado são os garotos mais novos verem o que ele fez para chegar aonde chegou. Isso é importante para o vôlei de praia”, disse Pessoa, para destacar o que, para ela, é a marca do ex-jogador: “Nunca desistir”.
 
Outra marca de Emanuel é a influência. O depoimento da tricampeã olímpica Kerri Walsh, uma das principais estrelas da modalidade, ajuda a traçar essa dimensão. "Vou sentir muita falta dele. Na homenagem, se eu e a April não estivéssemos aquecendo (para a final do Grand Slam, que as duas ganharam), eu estaria chorando. Ele significa muito para mim e para este esporte, estou orgulhosa de ter jogado durante a 'Era' do Emanuel. Ele é uma lenda, é eterno, aprendi muito com ele jogando e com o comportamento dele fora da quadra. É um homem de família, que luta pelos sonhos. Eu respeito ele por muitos motivos", afirmou.
 
Segundo Emanuel, o passo mais difícil vai ser desacelerar do ritmo da vida de atleta. Foto: Getty ImagesSegundo Emanuel, o passo mais difícil vai ser desacelerar do ritmo da vida de atleta. Foto: Getty Images
 
Futuro
Antes de assumir outras funções, Emanuel quer diminuir o ritmo de vida próprio de um atleta, como parar de acordar às seis da manhã com vontade de treinar. “Acho que vou precisar de uns dois meses para diminuir isso, entender que sou uma pessoa normal de novo, uma pessoa que pode ter os dias mais tranquilos, dormir mais”. 
 
Além do trabalho de consultoria junto à treinadora, Emanuel pretende atuar mais na Comissão Nacional de Atletas, órgão vinculado ao Ministério do Esporte para que os esportistas participem da formulação de políticas públicas para o setor. “Emanuel é um grande ídolo de todos nós que amamos o esporte, em especial o vôlei de praia. Ele vai iniciar uma nova etapa e vai me ajudar muito, principalmente por fazer parte da Comissão Nacional de Atletas. A ideia é que a gente possa massificar cada dia mais esse esporte pelas escolas e federações, ou seja, trabalho redobrado para nosso eterno ídolo. O Brasil vai continuar tendo muitas alegrias com ele”, destacou o ministro George Hilton.
 
A CBV também quer aproveitar a experiência de Emanuel para desenvolver a modalidade ainda mais pelo país. “Para nós é um dos maiores ícones do esporte, com tantos títulos, mas principalmente pelo caráter. Ele é diferenciado, vai ser importante para a Confederação. Nosso intuito é trazê-lo para perto da gente. Ele já é membro do Comitê de Apoio ao Conselho Diretor, mas queremos torná-lo funcionário nosso”, revela Ricardo Trade, diretor executivo da entidade, que garante ter feito um convite para Emanuel exercer uma função na Super Liga de Vôlei. 
 
Dedicação e persistência sempre foram retratos do atleta. Foto: Getty ImagesDedicação e persistência sempre foram retratos do atleta. Foto: Getty Images
 
BATE-PAPO
 
Qual o sentimento após o último jogo?
 
Apesar de estar mentalmente preparado para esse momento, quando chegou a hora eu fiquei até surpreso. Tem aquele sentimento de quem está fora, como pessoa e de quem está dentro como competidor. Eu queria jogar mais, mais uma partida, queria continuar. E quando se dá o último ponto de encerrar a carreira, fiquei até um pouco triste, emocionado, lembrando os momentos positivos. Mas depois fui vendo que a minha carreira foi bem construída, sólida. Estou com 42 anos, poucos atletas chegam nessa idade com ritmo tão competitivo. Eu posso dizer o seguinte: foi duro o último ponto, mas foi bom por poder me lembrar da minha história.
 
Quando começou a pensar na aposentadoria?
 
A minha grande motivação é ter um objetivo grande e quando terminou o objetivo de ir para as Olimpíadas, outro grande objetivo seria o Mundial em 2017. Eu teria que me preparar mais um ano e estaria com 44 anos. Essa foi a grande decisão, saber que eu não teria a paciência para me motivar mais um ano para um grande evento, não ter um grande objetivo sem ser a Rio 2016.
 
E como foi a conversa com o Ricardo?
 
Ele recebeu a notícia com surpresa, porque não tenho problemas físicos nem lesões crônicas. A gente estava jogando bem, somos os atuais campeões brasileiros. Mas, ele falou que achava que eu estava tomando a decisão certa. A única coisa que ele falou foi que isso o fazia pensar que daqui a pouco ele vai ter que tomar essa decisão. Isso o abalou um pouco nessa parte.
 
Ter uma ex-jogadora em casa ajudou a encarar esse momento?
 
Eu acho que foi plena a participação da Leila nesse momento, porque ela teve a experiência em 2008 quando parou de jogar. A gente trocou muita ideia sobre isso. A mulher tem esse lado mais emocional, enquanto os homens pensam de forma mais racional, pragmática. Então, ela me falou sobre essas emoções que iriam acontecer nesse momento. Ela me preparou, por isso posso dizer que estou seguro emocionalmente, porque ela foi o meu pilar de sustentação. Agradeço muito a ela por ter me ajudado. 
 
Quais os planos para o futuro?
 
O primeiro plano é fazer um “destreinamento”, tirar o ritmo de atleta. Eu continuo acordando às seis horas da manhã, querendo já correr, fazer os treinamentos, acho que vou precisar de uns dois meses para diminuir isso, entender que sou uma pessoa normal de novo, uma pessoa que pode ter os dias mais tranquilos, dormir mais. Depois disso, a minha ideia é fazer parte da construção do futuro do esporte, fazer um plano de ação para as próximas Olimpíadas, ou para as de 2024, enfim estar engajado nessa área.
 
E a participação na Comissão Nacional de Atletas?
 
Uma grande dificuldade para mim, que estava ainda atuante no esporte, era estar ativo na comissão. Vi que os outros atletas que fazem parte e não estão mais competindo estavam mais engajados. A partir de agora, posso dar mais a minha voz, minha experiência e ter calma, porque ali as coisas são discutidas com grande experiência, com ícones do esporte com 15 anos fora das quadras, No começo me senti como um aprendiz, tentando absorver como funciona, para depois dar minhas opiniões.
 
Quais as lembranças mais marcantes?
 
Agora nesse momento eu penso em como começou, o momento ápice em 2004 e agora. São três marcos na minha cabeça, que eu penso: se eu quero lembrar de desafios, foi no início da carreira, de acreditar, aceitar mudanças, todas as dificuldades. No meio, a consagração, quando você consegue adquirir um ritmo de jogo, uma estrutura sólida. E agora no final, a felicidade de ter construído tudo o que eu imaginei.
 
No ouro olímpico, marca mais o último ponto ou o pódio?
 
O pódio, porque depois daquele pódio nunca mais consegui ouvir de uma forma serena o Hino Nacional, sempre me remete para lá. 
 
Títulos na carreira
 
» Ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004;
 
» Prata nos Jogos Olímpicos de Londres 2012;
 
» Bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008;
 
» Tricampeão mundial (1999, 2003 e 2011);
 
» Dez títulos no Circuito Mundial (1996, 1997, 1999, 2001, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2011);
 
» Nove títulos no Brasileiro (1994, 1995, 2001, 2002, 2003, 2006, 2008, 2011 e 2014/2015);
 
» Ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2007 e 2011;
 
» Bronze nos Jogos Sul-Americanos de 2014;
 
» Campeão da Copa do Mundo em 2013.
 
Gabriel Fialho
Ascom – Ministério do Esporte
 
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