Ministério do Esporte Trégua Olímpica reforça valores pacíficos dos Jogos
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Trégua Olímpica reforça valores pacíficos dos Jogos

Quando idealizou os Jogos Olímpicos da Era Moderna tendo como fonte de inspiração as Olimpíadas da Grécia Antiga, o francês Pierre de Frédy, mais conhecido como o Barão de Coubertin, imaginava, entre outros sonhos, que os ideais do esporte e do olimpismo grego pudessem contribuir para um mundo mais unido e em paz.

Nesse sentido, um dos aspectos mais marcantes dos antigos Jogos Olímpicos na Grécia era a chamada Trégua Olímpica, um acordo que remonta ao século IX A.C. e que determinava a suspensão das guerras de modo que atletas, artistas e suas famílias pudessem viajar em segurança para competir e assistir aos Jogos Olímpicos e, depois, retornar da mesma forma aos seus locais de origem.

Nesta segunda-feira (01.08), a quatro dias da abertura oficial dos Jogos, uma cerimônia realizada na Zona Internacional da Vila dos Atletas, na Barra da Tijuca, teve como objetivo reforçar o ideal da Trégua Olímpica quase três mil anos depois de os gregos terem dado esse exemplo ao mundo.

O evento contou com a participação de diversas autoridades, entre elas os presidentes do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach; e do Comitê Paralímpico Internacional (IPC), Philip Craven. Também participaram o ministro do Esporte, Leonardo Picciani; o presidente do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman; além da presidente da Comissão de Coordenação do COI para os Jogos Rio 2016, Nawal El Moutawakel. Todos foram recebidos pela prefeita da Vila dos Atletas, Janeth Arcain e, em suas mensagens, ressaltaram a importância dos Jogos para reforçar ideais de paz e união entre os povos.

A cerimônia da Trégua Olímpica também contou com a presença de atletas e representantes do Time de Refugiados, que pela primeira vez disputará os Jogos Olímpicos. No início da cerimônia, todos acompanharam uma apresentação do Coral Infantil Coração Jolie, formado por 26 crianças refugiadas que vivem no Brasil.

O Coral Infantil Coração Jolie, formado por 26 crianças refugiadas que vivem no Brasil, se apresenta na abertura da cerimônia da Trégua Olímpica. Foto: Roberto Castro/MEO Coral Infantil Coração Jolie, formado por 26 crianças refugiadas que vivem no Brasil, se apresenta na abertura da cerimônia da Trégua Olímpica. Foto: Roberto Castro/ME

Em seu discurso, Thomas Bach usou a Vila dos Atletas como exemplo de tudo o que os Jogos significam e da mensagem que o megaevento pode passar para o planeta. “A Vila Olímpica é o coração dos Jogos Olímpicos. É o lugar onde atletas de todo o mundo vivem em paz e harmonia dividindo emoções. Eles mandam um exemplo de coexistência pacífica. Esse é o espírito verdadeiro da diversidade olímpica”, afirmou.

Os milhares de atletas que disputarão as Olimpíadas no Rio foram representados na cerimônia pela ex-esgrimista alemã Claudia Bokel, que, a exemplo de Thomas Bach, exaltou os valores de igualdade e de paz transmitidos pelos Jogos.

O ministro do Esporte ressaltou o orgulho do Brasil por receber a primeira edição dos Jogos Olímpicos da América do Sul e falou sobre a importância da cerimônia realizada no final da manhã desta segunda-feira no Rio.

O ministro do esporte, Leonardo Picciani, deixa sua mensagem: Mais esporte e mais paz. Foto: Roberto Castro/ME O ministro do esporte, Leonardo Picciani, deixa sua mensagem: Mais esporte e mais paz. Foto: Roberto Castro/ME

“A Olimpíada é carregada de símbolos e de bons exemplos. A Trégua Olímpica é uma tradição, um símbolo do que representam os Jogos Olímpicos com o congraçamento dos povos e a paz mundial. Portanto, são exemplos como esse que a humanidade cada vez mais deve exaltar”, disse Picciani, que falou também sobre a contagem repressiva para a cerimônia de abertura, no dia 5 de agosto, no Maracanã.

“A expectativa é a melhor possível. O clima olímpico e o espírito olímpico já estão tomando conta do Brasil e nós aqui no Rio de Janeiro já sentimos essa energia. Tenho certeza de que os Jogos Olímpicos serão extraordinários”, disse o ministro.

Ao fim da cerimônia, Thomas Bach e Carlos Arthur Nuzman inauguraram um mural onde eles e as demais personalidades presentes puderam deixar gravadas suas mensagens para os Jogos Olímpicos Rio 2016.

Refugiados

A Trégua Olímpica dos Jogos Rio 2016 foi aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em outubro de 2015 e foi apoiada por 180 dos 193 países membros da ONU. Durante aquele encontro da Assembleia Geral, o presidente do COI lembrou da importância da Trégua para a promoção da paz, a tolerância e o entendimento entre os povos. Na ocasião, ele informou ainda que a entidade estava considerando a criação de uma equipe de atletas composta exclusivamente por refugiados, o que se concretizou para os Jogos Olímpicos Rio 2016.

Assim, pela primeira vez na história, uma equipe composta por 10 atletas refugiados participará das Olimpíadas. Os atletas já estão no Brasil e disputarão o evento em quatro diferentes esportes: natação, judô, atletismo e maratona. Eles são refugiados da Síria, República Democrática do Congo, Sudão do Sul e Etiópia e, assim como as crianças do Coral Infantil Coração Jolie, foram forçados a deixar seus países de origem por causa de guerras e perseguições. Os atletas congoleses da Equipe Olímpica de Atletas Refugiados Popole Misenga e Yolande Bukasa vivem no Brasil e disputarão os Jogos no judô.

 “Para mim é ótimo estar aqui porque nosso exemplo dos refugiados é mais um para que o mundo saiba que hoje temos crianças refugiadas em todo o mundo e que elas precisam de mais ajuda”, clamou Popole Misenga, que vive no Rio, é casado com uma brasileira, com quem tem um filho e um segundo já está a caminho.

“Quando me falaram que eu poderia ter a chance de disputar os Jogos Olímpicos, eu pensei: ‘Como vou disputar a Olimpíada? Eu sou um refugiado. Isso nunca aconteceu antes’. E hoje estou aqui, na Olimpíada, na Vila. Nunca vou me esquecer de tudo isso que estou vivendo. Se Deus me ajudar a ganhar uma medalha, gostaria de poder dividi-la ao meio e dar uma parte para o COI e outra parte para toda a delegação dos refugiados”, revelou o judoca.

Vivendo no Brasil há um ano, o pequeno Angelo Sakula, de 12 anos, foi uma das crianças que se apresentou no Coral dos refugiados. Nascido em Angola, ele ficou encantado com a experiência e a chance de visitar a Vila Olímpica e cantar em um evento dos Jogos Rio 2016.

“Achei tudo muito legal. Acho que o coral cantou muito bem e achei esse lugar todo muito bonito”, afirmou Sakula, que elegeu o futebol, as provas de salto do atletismo e o vôlei os esportes preferidos dos Jogos Rio 2016. “Vou torcer muito pelo Brasil”, avisou.

1992: o início

A ideia da Trégua Olímpica nos Jogos da Era Moderna teve início em 1992, quando o Comitê Olímpico Internacional (COI) mobilizou a Organização das Nações Unidas (ONU) para que uma trégua pudesse facilitar a participação dos atletas da antiga Iugoslávia nos Jogos Barcelona 1992. O pedido prosperou e, um ano depois, a primeira resolução da Trégua Olímpica foi aprovada na 48ª Assembleia Geral da ONU, às vésperas dos Jogos de Inverno Lillehammer 1994.

Desde então, a tradição se mantém: a cada dois anos, antes do início dos Jogos Olímpicos de Verão e Inverno, o presidente da ONU faz um apelo solene aos países-membros da organização. A resolução proposta é intitulada “Construindo um mundo pacífico e melhor por meio do esporte e do ideal Olímpico” e tem como objetivo proteger os atletas e o esporte durante as competições, além de encorajar soluções diplomáticas para conflitos ao redor do mundo.

O texto é reescrito a cada edição do evento, fruto de uma parceria entre o COI, o Comitê Organizador daquela edição dos Jogos e o Escritório do Esporte pelo Desenvolvimento e pela Paz (USNOSDP) da ONU.

Na prática, a resolução pede a paralisação dos conflitos no período entre sete dias antes da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos até sete dias depois da cerimônia de encerramento dos Jogos Paralímpicos.

As nações que concordam assinam o documento – Londres 2012 foi a primeira edição dos Jogos que conseguiu 100% de adesão dos países-membros da ONU. Apesar de não encerrar definitivamente os conflitos, a trégua abre precedentes para que sejam reiniciadas eventuais negociações diplomáticas e que seja enviada ajuda humanitária para a população, o que muitas vezes é decisivo para salvar vidas.

Foi o que aconteceu em 1994, quando, após a ONU escrever aos chefes de estado sobre a trégua Olímpica, o COI enviou uma delegação à cidade de Sarajevo, sede da edição dos Jogos de Inverno de 1984, que vivia uma guerra civil pela dissolução da extinta Iugoslávia.

A incursão visava a alertar ao mundo sobre o conflito nos Balcãs, mas também promover uma pausa para que a população fosse atendida – estima-se que aproximadamente 10 mil crianças foram vacinadas em um único dia. O mesmo apelo contribuiu ainda para um cessar-fogo na guerra entre Exército Popular de Liberação Sudanês e seu governo e para a suspensão do conflito armado da Geórgia com a Abecásia.

Outro momento marcante da história da trégua Olímpica na Era Moderna aconteceu no ano 2000, quando um parágrafo sobre a iniciativa foi incluído na Declaração do Milênio, assinada por 150 países e apoiada por diferentes personalidades mundiais, como os ex-presidentes da África do Sul Nelson Mandela e dos Estados Unidos Bill Clinton, o ator Roger Moore, representantes da Igreja Católica e da Igreja Ortodoxa Grega e mais de 400 chefes de Estado.

 

Luiz Roberto Magalhães – brasil2016.gov.br, com informações do Rio 2016

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