Ministério lança a campanha Grito de Paz em Gre-Nal com torcida mista

Publicado em Domingo, 01 Março 2015 22:33

O Ministério do Esporte lançou, neste domingo (01.03), a campanha Grito de Paz, que busca conscientizar os torcedores de que os estádios são um ambiente de celebração, onde não cabem violência e intolerância. Ao entrar em campo no Beira-Rio para a edição número 404 do grande clássico gaúcho, jogadores do Internacional e do Grêmio vestiram camisas brancas formando a mensagem #GritoDePaz, reforçando um clima de festa que fez deste Gre-Nal, válido pela oitava rodada do Campeonato Gaúcho, um jogo histórico. E não foi pelo placar.

Foto: Danilo Borges/MEFoto: Danilo Borges/ME

Torcida mista

Priscila costurou uma camiseta especial para o filho Lorenzo, de 10 meses. Colorada e apaixonada por futebol, decidiu levar o bebê a um dos clássicos de maior rivalidade do país, junto com o marido Gabriel. Ela, com a camisa do Grêmio. Ele, com a do Internacional. No peito de Lorenzo, três letras: paz.

“Eu sempre comentava com o Gabriel que sentia falta deste momento, de vir junto com ele, de poder trazer o nosso filho. É um momento muito emocionante, um grande exemplo”, contou Priscila Spohr, arquiteta. Ela acrescentou que, no caminho até o Beira-Rio, vários colorados brincaram com ela: “Muitos me cumprimentaram por trazer o Lorenzo, sem qualquer ameaça”.

Foi a primeira vez em que o casal se sentou junto no estádio em clássico, sem ter medo de esconder a camisa. Ao lado deles, vários torcedores na mesma sintonia: mil colorados puderam convidar gremistas para assistirem ao jogo em uma torcida mista. Cada ingresso valia para uma dupla de torcedores rivais, todos identificados pelo Internacional – clube que liderou a iniciativa da torcida mista – no momento da compra do tíquete.

Assim como Priscila e Gabriel, a descontração estava no rosto das irmãs Manuela e Isabela, dos amigos Eduardo e José Luiz, do casal Ana e Ruiçaru... A partida reuniu centenas de histórias parecidas, de pessoas que queriam vivenciar o futebol no estádio ao lado de gente querida ,especialmente em dia de clássico, mas que sempre foram vencidas pelo receio de enfrentar um ambiente perigoso. Neste domingo, elas trocaram o medo por sorrisos, cumprimentos e diversos cartazes estimulando a paz nas arquibancadas.

O engenheiro colorado Alexandre Wexell, por exemplo, convive com a rivalidade em casa o tempo todo. A esposa, Ana Flávia Costa, é gremista, e as filhas gêmeas se dividiram: Isabela (Inter) e Manuela (Grêmio). O filho mais novo, Bernardo, de 4 anos, ainda na dúvida, entrou no clima da torcida mista: veio de vermelho, carregando a bandeira tricolor. “Isso mostra o que pode ser um novo momento, com a possibilidade de trazer as famílias. É uma satisfação enorme vir com todos”, contou Alexandre. “É muito mais divertido”, disseram as gêmeas, praticamente ao mesmo tempo.

Fotos: Danilo Borges/MEFotos: Danilo Borges/ME

Clima

Com a bola rolando, a rivalidade se reforçava na torcida mista, sobretudo nos lances de mais perigo. “Segunda divisão!”, entoavam os colorados, que nunca jogaram a Série B. “Dá-lhe, dá-lhe tricolor”, devolviam os gremistas, bem do lado. A esposa gritava, o marido vaiava. O amigo aplaudia a jogada, o outro xingava. Em sequências de bons lances, como os liderados por Lincoln e Mamute do Grêmio no fim do primeiro tempo, tricolores instigavam outros a aumentar o coro da torcida, enquanto os colorados apenas observavam. Passado o perigo, beijos e abraços. Tudo em perfeita dicotomia.

No segundo tempo, o Inter criou mais oportunidades de gol e os papéis na torcida mista se inverteram: colorados lideraram a agitação, enquanto gremistas se calavam... Até a falta perigosa na entrada da área, aos 32, a favor do tricolor. Mas a cobrança de Douglas foi para fora.

Uma série de escanteios cobrados pelo Inter, já no finalzinho do jogo, deram as últimas emoções para os donos da casa. Dourado quase marcou de cabeça, mas o goleiro gremista Marcelo Grohe fez bela defesa, deixando o placar de 0 x 0, de fato, como coadjuvante de um espetáculo que se concentrou na arquibancada.

“É muito gratificante ver que o Brasil pode estar mudando aos poucos. É uma oportunidade nova, e a alegria é imensa de ver as torcidas rivais juntas”, disse o atacante gremista Yuri Mamute. “Esse trabalho está de parabéns. Espero que ocorra outras vezes. Esse Gre-Nal da paz vai ser notícia no mundo todo, eu acredito, pela paz que foi. Todo mundo entrou abraçado, saiu abraçado, e não teve violência. Foi um passo muito importante”, acrescentou o zagueiro colorado Paulão.

Os técnicos dos dois times também comentaram as ações pela paz. “Tudo que sejam mensagens boas para evitar as brigas e tanta coisa ruim que acontece no futebol, temos que aplaudir”, disse Diego Aguirre, do Inter. “Espero que as torcidas sejam unidas, ou participem juntas, e que não haja problema algum. Que a gente possa ter dado o primeiro grande exemplo a todos nós”, comentou Luiz Felipe Scolari, treinador do rival tricolor.

Fotos: Danilo Borges/MEFotos: Danilo Borges/ME

Carol Delmazo, de Porto Alegre
Ascom – Ministério do Esporte
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