Ministério do Esporte Em entrevista a jornal paulista, ministro defende leis contra êxodo de jovens jogadores
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Em entrevista a jornal paulista, ministro defende leis contra êxodo de jovens jogadores

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, defendeu, em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, a criação de leis para impedir a transferência de jovens jogadores de futebol brasileiros para o exterior. A ideia é impor aos clubes europeus, agentes da Fifa e empresários que cumpram exigências para que a transferência de menores de 18 anos seja autorizada ou para que abram escolinhas de futebol no País.

Confira abaixo a íntegra da matéria publicada na edição desta quinta-feira (10.05) do Estado de S. Paulo:

Governo vai criar leis para impedir venda de meninos

Ministro do Esporte quer evitar que clubes europeus tirem garotos do País antes de completar 18 anos

Jamil Chade/Zurique - O Estado de S. Paulo

O governo federal vai anunciar leis para frear a saída de menores do Brasil para os grandes clubes europeus ou de países árabes, como o Catar. Em entrevista ao Estado, o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, revelou com exclusividade que a ideia será a de impor aos poderosos clubes europeus, agentes da Fifa ou empresários clandestinos que cumpram exigências para que a transferência seja autorizada ou para que abram escolinhas de recrutamento no País.

O governo promete anunciar critérios que vão tirar qualquer incentivo financeiro para quem levar o jogador antes que cumpra 18 anos. "Clubes europeus estão fazendo uma espécie de mineração no Brasil. O problema é que jogam cascalho fora e depois ficam apenas com os diamantes", acusou o ministro.

Rebelo comunicou sua iniciativa ao presidente da Fifa, Joseph Blatter, em reunião privada nesta semana. Dados da própria Fifa indicam que mais de 100 garotos brasileiros foram exportados em 2011, legalmente. Mas a suspeita é de que isso seja apenas a ponta de um iceberg e que o exército de jovens em busca de sucesso e fortuna seja bem maior, conduzidos por agentes.

O Departamento Jurídico do Ministério já está conduzindo os estudos sobre esses critérios, que incluiriam exigências sociais, garantias para a família, de proteção ao garoto uma vez na Europa, de responsabilidade jurídica da parte do empresário e outros critérios que teriam de ser cumpridos e o compromisso de que os meninos não selecionados não sejam abandonados.

O protocolo será apresentado ao Ministério Público Federal, Conselho da Criança e Adolescência, CBF e Fifa para que possa entrar em vigor ainda neste ano.

Rebelo estima que existam dois modelos de exploração. O primeiro é o do empresário que faz promessas ao jovem e à família de que a ida do garoto para a Europa os tirará da pobreza. "Essa é o abuso mais rasteiro e é quase um contrabando e tráfico de crianças, exercido por pessoas nem sempre qualificadas e que trazem crianças sem dar garantias, sem segurança profissional, educacional e sem proteção social", alertou o ministro.

O segundo modelo de exploração "oficial" é o que envolve a abertura de escolinhas de futebol pelos grandes clubes europeus justamente em países mais pobres. "Há uma forma sofisticada que é um colonialismo, exercido por clubes ricos europeus, que abrem escolinhas no Brasil com custos quase zero, de uma camiseta e um tênis, fazem uma seleção e trazem apenas os garotos que podem se transformar em fortuna", acusou. "É como uma mineração, onde cascalho é jogado fora e trazem apenas o diamante", denunciou.

"Aquelas crianças que estão destinadas a serem astros e fortunas para o espetáculo do futebol europeus são trazidas, as demais são largadas", alertou. "Os clubes não querem esperar que se desenvolvam como atletas, como jogadores, porque pagariam um preço mais caro, como hoje precisam pagar pelo Neymar", insistiu. "Se Neymar fosse com 8 ou 10 anos para a Europa, não custaria nada para clubes europeus", acusou.

Injustiça. Rebelo também estima que a busca dos europeus pelos jovens talentos brasileiros seja ainda uma "injustiça" em relação ao que o governo investiu naquela criança e às próprias famílias. "Sem qualquer investimento dos estados europeus, são as mulheres brasileiras que têm os filhos, o governo é responsável pelo pré-natal, pela creche e vacinação", declarou. "Já a família paga pela alimentação e sustenta essas crianças, inclusive com leite Ninho, que garante mantém duas crianças, uma no Brasil e outra na Suíça", disse o ministro, insinuando que a empresa suíça Nestlé tem parte importante de seus lucros justamente vindos do Brasil.

Exigências da Fifa. Em 2011, o Brasil foi superado apenas pela Albânia em número de crianças negociadas, com 140. A Fifa proíbe a venda de menores, justamente para evitar a exploração de crianças e para manter talentos em casa. O próprio relatório admite que "histórias de horror" podem ocorrer e que de fato essa é a população "mais vulnerável". Mas abre quatro possibilidades, alegando que não pode fechar as portas para grandes talentos.

Para que autorize a venda, a Fifa exige que pelo menos uma das seguintes condições seja atendida: que a família tenha se mudado do País, que a transferência ocorra entre países da UE com atletas de mais de 16 anos, que o novo clube fique a no máximo 50 quilômetros da fronteira ou que o menor esteja vivendo no novo país por mais de cinco anos antes de ser contratado. Nessas condições, a Fifa registrou 13 mil transferências de jovens no mundo.

Mas a Fifa recebeu outros 1,5 mil pedidos específicos para que jovens que não cumprem nenhum dos critérios e que, mesmo assim, são cobiçados por clubes. A busca por talentos no exterior não respeita idade. A constatação é de que 80 crianças de 12 anos foram vendidas pelo mundo em 2011, contra mais de 200 com 13 anos. 45% dos acordos, porém, são fechados com jogadores entre 16 e 17 anos.

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