Confira entrevista do ministro Aldo Rebelo à revista alemã Der Spiegel

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Última atualização em Quinta, 18 Outubro 2012 15:53

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Entrevista com Aldo Rebelo

Ministro brasileiro do Esporte: "Estádios da Copa do Mundo serão concluídos a tempo"

Há algumas dúvidas se o Brasil vai estar pronto a tempo para a Copa do Mundo de 2014. Mas o ministro dos Esporte, Aldo Rebelo, de 56 anos, disse à Der Spiegel que a preparação será concluída - e negou que moradores de favelas estejam sendo forçosamente realocados.

Um dos dirigentes da FIFA reclamou de atrasos com os preparativos para a Copa do Mundo de 2014. O secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, disse que o Brasil precisava de "um chute no traseiro". O que você diz sobre isso?
O sr. Valcke já me pediu desculpas sobre isso.

Você acha que seu país tem tomado as medidas necessárias para sediar a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos com apenas dois anos de diferença?
Nós conseguimos algumas coisas incríveis ao longo dos séculos. Todos os estádios estarão concluídos a tempo e espero o mesmo para a Copa das Confederações no ano que vem.

Novas arenas estão sendo construídas em Brasília e Manaus, embora nenhuma dessas cidades tenha clubes de futebol conhecidos. Os críticos dizem que é um desperdício de dinheiro.
Wembley não tem um grande clube também. A Arena Amazônia, em Manaus, não será apenas adequada para o esporte, mas também para encenar espetáculos e conferências. Brasília atualmente não tem um local fechado para eventos que atraiam mais de 8.000 pessoas. Os novos estádios vão, portanto, atender a essa demanda.

Os aeroportos do Brasil parecem muito sobrecarregados. Como você pretende resolver esse problema?
É verdade que os operadores aeroportuários podem gerir melhor as instalações, mas nós não estamos esperando até a Copa do Mundo para resolver esses problemas. Os aeroportos mais importantes estão sendo ampliados e, se necessário, vamos trabalhar com terminais temporários.

No Rio de Janeiro, que vai sediar a Olimpíada de 2016, a estrada que leva ao aeroporto recentemente teve que ser fechada por causa de um tiroteio entre quadrilhas de traficantes rivais. O Brasil pode proteger as pessoas que estarão visitando o Rio para as Olimpíadas?
O Rio tem muita experiência na organização de grandes eventos e o governo regional está tomando medidas para conter a violência em bairros problemáticos, com sucesso.

Será que o governo vai colocar as Forças Armadas nas ruas durante os Jogos Olímpicos?
Sim, isso é parte do esquema de segurança.

Várias favelas estão sendo derrubadas para dar lugar a instalações olímpicas, e os moradores estão protestando. É esse o preço a pagar para sediar os Jogos Olímpicos?
Não haverá qualquer reassentamento forçado. Isso é proibido. O Brasil é uma democracia. Se usarmos qualquer terra de propriedade privada, o proprietário vai receber uma indenização. Se é terra pública, o Estado vai pagar o custo de reinstalação.

Os hotéis no Rio já estão caros. Será que os Jogos Olímpicos no Brasil, portanto, vão ser um festival apenas para os ricos?
Não. O governo vai intervir se alguns hotéis cobrarem preços exorbitantes durante os Jogos Olímpicos.

Você quer que a população indígena do Brasil tenha desconto na entrada dos estádios. Como você vai conciliar isso com a FIFA?
Eles não deveriam ter que pagar nada. Alguns deles nunca usaram dinheiro. Assim, eles devem ser forçados a pagar os seus bilhetes com artesanato? Por isso, tenho falado com os dirigentes do futebol mundial e os patrocinadores e eles concordaram em doar alguns dos bilhetes para esse fim. Afinal, não poderíamos sediar uma Copa do Mundo na Amazônia sem ter povos indígenas no meio da multidão.

Entrevista conduzida por Jens Glüsing