Confira artigo do ministro Aldo Rebelo publicado no Diário de S. Paulo

Última atualização em Terça, 14 Janeiro 2014 19:51
Escrito por Paulo Roberto Rossi de Oliveira
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Os novos templos do futebol

Esporte de devoção próxima ao fanatismo religioso, o futebol precisa de templos. O Brasil já teve o maior de todos, colossal no tamanho e no mito, o velho Maracanã inaugurado em 1950. Agora, dispomos de quatorze arenas para servirem de palco perfeito ao melhor futebol do mundo – e o torcedor comparece a ponto de o Campeonato Brasileiro de 2013 bater recordes de público e de renda.

A bilheteria dos 380 jogos da Série A somou R$ 176,6 milhões, um aumento de 48% em relação a 2012. O público aumentou 15%, passando de 5  milhões para 5,7 milhões de torcedores. Os dados são da consultoria BDO, que os atribui ao apelo atrativo dos estádios reformados ou construídos para a Copa das Confederações, disputada em junho, que são o Mineirão (MG), Maracanã (RJ), Fonte Nova (BA), Arena Pernambuco,    Mané Garrincha (DF), Castelão (CE), e mais a arena do Grêmio (RS).

De fato, o público respondeu ao conforto, às cadeiras numeradas, à acessibilidade, à visão ampla do jogo. Os estádios modernos, de arquitetura arrojada, ao mesmo tempo bela e funcional, rompem enfim a tradição brasileira do desconforto das intempéries e da arquibancada de cimento. A média nos novos estádios em 2013 chegou a 21.774 torcedores – nada menos que 88% a mais que a dos antigos, de apenas 11.612. Registraram-se fenômenos típicos do sincretismo esportivo: em Brasília, que não teve um time sequer na Série B, o Estádio Nacional Mané Garrincha recebeu um público médio de 36.644 torcedores, atraídos pelos clássicos de clubes do Rio e São Paulo.

Campo de futebol e roda de samba, seja em nesga de terra ou no meio da rua, decorrem de paixões que integram a identidade nacional. Daí que um dos maiores intérpretes do Brasil, o antropólogo Darci Ribeiro, inventou e deu nome ao primeiro sambódromo, em 1984, no Rio de Janeiro, sede do Maracanã, entrelaçando a importância desses espaços sagrados da liturgia profana.

Aldo Rebelo
Ministro do Esporte


Artigo publicado na edição de sábado (04.01) do Diário de S. Paulo