Presidente da Comissão de Educação e Esporte do Senado declara apoio às causas indígenas

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Última atualização em Quarta, 15 Julho 2015 18:09

Publicado em Domingo, 13 Novembro 2011 11:22

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A convite do diretor do Comitê Intertribal Memória e Ciência Indígena (ITC), Marcos Terena, o senador da República e indígena Wellington Dias acompanhou os XI Jogos dos Povos Indígenas, na Ilha Real, em Porto Nacional (TO). Ex-governador do Piauí e atual presidente da Comissão de Educação e Esporte do Senado, Dias ouviu as demandas das lideranças indígenas e declarou total apoio à causa.

O parlamentar (PT/PI) fez um resgate da história dos indígenas em seu estado. Contou que as tribos do Piauí foram exterminadas porque os portugueses queriam escravizá-las. Houve resistência e muitos índios fugiram para Goiás, Maranhão, Bahia, Ceará e Pará.

"Muitos se refugiaram em lugares distantes e conseguiram sobreviver. Mas o medo de serem assassinados fez com que negassem sua identidade. Um processo lamentável da colonização do meu estado", contou Wellington Dias.

Conhecedor de várias etnias, o senador considera que a forma como o Brasil lida com os indígenas não é a adequada. Revelou que, em conversa com a presidenta Dilma Rouseff e com vários assessores do governo federal, expôs que é preciso reformular a política em relação às nações indígenas, como outros países fizeram.

Força feminina
Marcos Terena destacou o compromisso que as etnias têm com o esporte. Várias tribos viajaram de dois a quatro dias, sem contar o trajeto de barco na Ilha Real, para estarem presentes nos Jogos Indígenas. Terena destacou também a presença feminina. Segundo o líder, as mulheres são fortes como os homens, tanto na liderança, quanto no esporte. "Elas carregam tora de madeira de 80kg", exemplificou.

Em relação aos problemas urbanos, o líder indígena declarou: "Temos percebido que houve uma superação significante. O álcool e as drogas estão escassos nas aldeias". Terena espera que Wellington Dias seja um mensageiro dos povos indígenas brasileiros no Senado Federal. "Que o parlamentar possa levar um pedaço dessa realidade para a Rio+20", comentou, referindo-se ao encontro de líderes mundiais sobre meio ambiente que será realizado no Rio de Janeiro no ano que vem.

Participaram também do encontro com Wellington Dias a diretora do Programa Esporte e Lazer da Cidade (Pelc e Pelc- Indígena), Cláudia Bonalume; o vice-prefeito de Porto Nacional, Erazine Fonseca, o secretário municipal de Turismo e Cultura, Jefferson Lopes; e representantes dos povos Javaé, Xerente, Xambioá, Krahô-Kanela, Rikbaksta, Terena, Pataxó, Kamayurá, Bororo, Pareci, Xikrin, Assurini, Tapirapé, Manoki, Xavante, Guarani-Kaiuá e Umutina.

Na reunião, foram discutidos importantes temas sobre os povos indígenas, como a Rio+20, a participação de atletas indígenas em competições internacionais e a realização dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas.

Pelc Indígena
Cláudia Bonalume fez uma apresentação do Programa Esporte e Lazer da Cidade (Pelc) e do Pelc-Indígena. A diretora de programas do Ministério do Esporte falou sobre os convênios em execução nas aldeias Xavante, Wai Wai e Terena, que utilizam o esporte tradicional como ferramenta de resgate da identidade étnicas.

Ao conferir os pleitos dos líderes indígenas, Wellington Dias disse que vai interceder junto ao governo federal para que a Fundação Nacional do Índio (Funai) seja presidida por indígenas. "Eles, sim, conhecem a realidade dos povos mais de perto", defendeu.

O parlamentar reconheceu que o problema de saúde indígena é grave nas aldeias e afirmou que é necessário trabalhar para erradicar a miséria nas aldeias. "Existem comunidades indígenas com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) abaixo da linha da pobreza."

A inclusão no Plano Nacional de Educação (PNE), por meio do Ministério da Educação (MEC), da obrigatoriedade do ensino da língua indígena nas aldeias e o aprofundamento das discussões acerca de cotas para indígenas na representação política foram outros comprometimentos firmados pelo senador.

Demandas
Srêwê Xerente, de Tocantínia, disse que os indígenas continuam à margem da sociedade e que as questões parecem ser insolúveis, pela demora e falta de empenho. "Queremos ter representantes indígenas no Congresso, para que aquele parlamento seja, de fato, Congresso Nacional. Somos os primeiros habitantes desse país, temos direitos, deveres e almejamos o respeito que nos é devido."

Para Maximiano Rodrigues Guarani-Kaiuá, "tudo o que for direcionado ao Congresso Nacional, que seja pensado de uma forma diferente sobre a nação indígena. Somos um povo feliz, apesar de sofrermos muitas conseqüências no nosso meio".

Em relação à demarcação de terras, Maximiano disse que vários documentos já foram enviados ao Senado e que até agora nada foi resolvido. Afirmou que os conflitos continuam e, emocionado, disse que era difícil falar sobre as dificuldades porque as soluções eram poucas.

Confira a página especial dos Jogos Indígenas no portal do Ministério do Esporte

Carla Belizária, de Porto Nacional (TO)
Foto: Dornil Sobrinho/Prefeitura de Porto Nacional
Ascom - Ministério do Esporte
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